Descrição
Objetivo Geral Realizar parcerias com outros laboratórios, institutos, instituições e órgãos públicos com o objetivo de viabilizar a implantação de um diagnóstico molecular de detecção do SARS-CoV-2 no Hospital de Clínicas da UNICAMP (HC), sem custo adicional no orçamento público. Objetivos Específicos - Avaliar a necessidade de equipamentos e insumos para implantação e manutenção do laboratório e suprir essas demandas por intermédio de parcerias; - Substituir os exames laboratoriais terceirizados por exames de detecção de SARS-CoV-2 realizados no Laboratório de Doenças Emergentes (LDE), que foi criado com esse objetivo em março de 2020; - Reduzir o tempo de espera pelo resultado diagnóstico; - Aumentar a capacidade de testagem do hospital; - Agilizar o diagnóstico dos pacientes positivos com consequente e fundamental auxílio no manejo clínico e tomada de ações de monitoramento e isolamento, permitindo a diminuição da transmissão, conforme preconizado pela OMS; - Testar trabalhadores da saúde do HC e do Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti - CAISM que atuam na linha de frente, isolando os casos positivos, com consequente diminuição da transmissão; - Testar os demais membros da comunidade acadêmica da UNICAMP, via Centro de Saúde da Comunidade (CECOM), visando o planejamento para o retorno às atividades presenciais; - Promover apoio ao diagnóstico molecular de COVID-19 a outros centros de saúde importantes da região, tais como Hospital Estadual Sumaré e Centro Infantil Boldrini. - Organizar um biorrepositório, servindo como apoio a projetos de pesquisa (básica ou aplicada) que necessitem amostras e/ou de testes diagnóstico para COVID-19. Descrição resumida: Em 31 de dezembro de 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi alertada sobre vários casos de pneumonia na cidade de Wuhan, na República Popular da China. Uma semana depois, em 7 de janeiro de 2020, as autoridades chinesas confirmaram que haviam identificado um novo tipo de coronavírus. Em 30 de janeiro de 2020, a OMS declarou a infecção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) como emergência global e nomeou a doença como COVID-19 e o teste molecular RT-PCR (reação em cadeia da polimerase em tempo real precedida de transcrição reversa) foi determinado como padrão ouro para o diagnóstico da COVID-19, o qual visa a detecção do RNA do SARS-CoV-2. Em 26 de fevereiro de 2020, o Ministério da Saúde brasileiro confirmou o primeiro caso de novo coronavírus no país, registrado na cidade de São Paulo. O HC - UNICAMP teve seu primeiro exame de caso suspeito enviado para diagnóstico laboratorial em São Paulo no dia 05/03/2020 e a confirmação desse primeiro caso positivo se deu em 10 de março de 2020, ou seja, 4 dias para a liberação do resultado, pois estávamos no início da pandemia, e este dado foi imprescindível para o monitoramento do início da pandemia na região. Com o avanço da pandemia, houve um aumento da demanda e o prazo para liberação dos resultados aumentou. Mediante a necessidade da diminuição do tempo para liberação de resultados de exames diagnósticos para COVID-19 e para o aumento da testagem, houve a urgência para implantação de um laboratório específico no HC que pudesse absorver essa nova rotina diagnóstica. O Laboratório de Patologia Clínica (LPC), em colaboração com o Instituto de Biologia (IB/ UNICAMP) e a Força Tarefa da UNICAMP contra a COVID-19, padronizou, validou e implantou a técnica de diagnóstico molecular da infecção por SARS-CoV-2 dentro do HC-UNICAMP em duas semanas. Esta iniciativa da equipe do LPC contribuiu na luta contra um dos maiores males da história da humanidade. O Laboratório de Doenças Emergentes (LDE/LPC) foi uma dos primeiros laboratórios públicos habilitados pelo Instituto Adolfo Lutz (IAL) a realizar RT-PCR para detecção de SARS-CoV-2, com credenciamento no dia 01 de abril de 2020 (anexo 1) e neste mesmo dia liberou seu primeiro laudo diagnóstico. Foi necessária a união de conhecimentos para a implantação de um diagnóstico, naquele momento, pouco conhecido mundialmente. O esforço pioneiro do LPC, que de forma ágil e precisa, no início da pandemia, organizou uma estrutura robusta para a produção de testes diagnósticos RT-PCR, foi de extrema importância. O credenciamento junto à REDE de diagnósticos facilitou a parceria com o Instituto Butantan, ocasionando um aumento da capacidade de testagem do hospital. Foram atendidos pelo LDE pacientes sintomáticos e assintomáticos do Complexo da área da Saúde da UNICAMP (HC, CAISM, CECOM, Hemocentro e Gastrocentro), Centro de Oncologia Infantil Boldrini e Hospital Estadual Sumaré. Depois de 26 meses de alto desempenho em qualidade e capacidade de atendimento em tempo oportuno, 95 mil amostras foram processadas pelo LDE/LPC, o que corresponde a, aproximadamente, 10% da população de Campinas. O estabelecimento das parcerias envolvidas no projeto, principalmente com o Instituto Butantan, resultou em uma economia de quase 10 milhões de reais para a UNICAMP. Resultados: Com o presente projeto, foi possível substituir os exames laboratoriais terceirizados por exames de detecção de SARS-CoV-2 realizados no Laboratório de Doenças Emergentes (LDE) com aumento da capacidade de testagem do hospital. Foram realizados um total 95 mil exames moleculares pelo LDE (anexo 2 - gráficos 1 e 2), com picos de testagem durante os meses Julho/2020, Março e Junho/2021 e Janeiro/2022, com 5.976, 5.160, 5.126 e 5.218 testes, respectivamente. Os pacientes testados foram classificados em sintomáticos e assintomáticos e de acordo com o local de onde o exame era solicitado (vide item abrangência). Deste modo, foram testados 7.996 mil pacientes sintomáticos do HC (COVID e COVTR), 2.634 mil pacientes sintomáticos do CAISM (COVCA), 49.428 mil pacientes assintomáticos do HC e CAISM (COVIG, COVTX E COVAC), 13.897 mil testagens de profissionais de saúde assintomáticos (COVIP), 17.784 mil pacientes sintomáticos do CECOM (COVCE) e 3.337 mil pacientes sintomáticos externos do Hospital Estadual Sumaré e Centro Infantil Boldrini (EXCOV) (anexo 2 - gráficos 2 e 3). Antes da criação do LDE os exames eram realizados pelo IAL, que tinha um tempo médio para liberação de resultados de 24 dias (anexo 2 - quadro 1), sendo este um prazo excessivo e que não amparava as decisões médicas. Como observado nos gráficos 4 e 5, houve uma redução no tempo de espera pelo resultado diagnóstico após a criação do LDE. Conforme o gráfico 4 (anexo 2), podemos observar que de maio de 2020 a maio 2022, 95% de nossas amostras foram liberadas dentro de um prazo de até 48h, e em agosto de 2021 conseguimos nosso melhor resultado com 95% dos exames sendo liberados em até 25h. Na análise total dos dados (anexo 2 - gráfico 5), aproximadamente 75% de todas as nossas amostras processadas foram liberadas em até 24 horas. E cumprindo nossa meta de tempo de liberação estabelecida em até 48 horas, 99,25 % do total de exames foram liberados neste tempo, meta essa que também foi cumprida mês a mês (anexo 2 - gráfico 6). Portanto, foi possível agilizar o diagnóstico dos pacientes com consequente auxílio no manejo clínico e tomada de ações de monitoramento e isolamento, permitindo assim a diminuição da transmissão e o planejamento para o retorno às atividades presenciais da comunidade acadêmica. A agilidade na liberação de laudos também minimizou muito a ocorrência de surtos entre os trabalhadores da saúde do HC e do Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti - CAISM que atuam na linha de frente, isolando os casos positivos, com consequente diminuição da transmissão. Através de algumas das parcerias firmadas, esse projeto conseguiu o empréstimo de equipamentos e insumos utilizados para a implantação e manutenção do laboratório LDE. O quadro 2 mostra os valores financeiros economizados pelo HC durante esse período, ou seja, o custo total das notas fiscais referente aos insumos recebidos do Butantan para a execução de todos esses exames. Essas notas não contemplam os equipamentos que foram emprestados ao LDE, citados acima. Sem essa parceria seria quase impossível a realização desse montante de exames no intervalo de tempo entre Abril de 2020 e Maio de 2022. Com um total de 95.081 amostras (7,40 % positivas), foi organizado um biorrepositório, servindo como apoio a projetos de pesquisa da comunidade acadêmica que necessitem amostras para COVID-19.