95 Mil exames para diagnóstico molecular de COVID-19: ganho para os usuários e economia de 10 milhões de reais para o HC-UNICAMP

Capa:95 Mil exames para diagnóstico molecular de COVID-19:  ganho para os usuários e economia de 10 milhões de reais para o HC-UNICAMP

Autor(es): Cintia Heloisa Correa Pilenso Lintz, Gisele Audrei Pedroso, Emerson Salvador de Souza Franca, Barbara Fonseca Nogueira de Carvalho, Kamila Cristina Silva Krywacz, Jessyka Farrah Fernandes Campos; Hospital de Clínicas


Resumo: Objetivo Geral Realizar parcerias com outros laboratórios, institutos, instituições e órgãos públicos com o objetivo de viabilizar a implantação de um diagnóstico molecular de detecção do SARS-CoV-2 no Hospital de Clínicas da UNICAMP (HC), sem custo adicional no orçamento público. Objetivos Específicos - Avaliar a necessidade de equipamentos e insumos para implantação e manutenção do laboratório e suprir essas demandas por intermédio de parcerias; - Substituir os exames laboratoriais terceirizados por exames de detecção de SARS-CoV-2 realizados no Laboratório de Doenças Emergentes (LDE), que foi criado com esse objetivo em março de 2020; - Reduzir o tempo de espera pelo resultado diagnóstico; - Aumentar a capacidade de testagem do hospital; - Agilizar o diagnóstico dos pacientes positivos com consequente e fundamental auxílio no manejo clínico e tomada de ações de monitoramento e isolamento, permitindo a diminuição da transmissão, conforme preconizado pela OMS; - Testar trabalhadores da saúde do HC e do Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti - CAISM que atuam na linha de frente, isolando os casos positivos, com consequente diminuição da transmissão; - Testar os demais membros da comunidade acadêmica da UNICAMP, via Centro de Saúde da Comunidade (CECOM), visando o planejamento para o retorno às atividades presenciais; - Promover apoio ao diagnóstico molecular de COVID-19 a outros centros de saúde importantes da região, tais como Hospital Estadual Sumaré e Centro Infantil Boldrini. - Organizar um biorrepositório, servindo como apoio a projetos de pesquisa (básica ou aplicada) que necessitem amostras e/ou de testes diagnóstico para COVID-19. Descrição resumida: Em 31 de dezembro de 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi alertada sobre vários casos de pneumonia na cidade de Wuhan, na República Popular da China. Uma semana depois, em 7 de janeiro de 2020, as autoridades chinesas confirmaram que haviam identificado um novo tipo de coronavírus. Em 30 de janeiro de 2020, a OMS declarou a infecção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) como emergência global e nomeou a doença como COVID-19 e o teste molecular RT-PCR (reação em cadeia da polimerase em tempo real precedida de transcrição reversa) foi determinado como padrão ouro para o diagnóstico da COVID-19, o qual visa a detecção do RNA do SARS-CoV-2. Em 26 de fevereiro de 2020, o Ministério da Saúde brasileiro confirmou o primeiro caso de novo coronavírus no país, registrado na cidade de São Paulo. O HC - UNICAMP teve seu primeiro exame de caso suspeito enviado para diagnóstico laboratorial em São Paulo no dia 05/03/2020 e a confirmação desse primeiro caso positivo se deu em 10 de março de 2020, ou seja, 4 dias para a liberação do resultado, pois estávamos no início da pandemia, e este dado foi imprescindível para o monitoramento do início da pandemia na região. Com o avanço da pandemia, houve um aumento da demanda e o prazo para liberação dos resultados aumentou. Mediante a necessidade da diminuição do tempo para liberação de resultados de exames diagnósticos para COVID-19 e para o aumento da testagem, houve a urgência para implantação de um laboratório específico no HC que pudesse absorver essa nova rotina diagnóstica. O Laboratório de Patologia Clínica (LPC), em colaboração com o Instituto de Biologia (IB/ UNICAMP) e a Força Tarefa da UNICAMP contra a COVID-19, padronizou, validou e implantou a técnica de diagnóstico molecular da infecção por SARS-CoV-2 dentro do HC-UNICAMP em duas semanas. Esta iniciativa da equipe do LPC contribuiu na luta contra um dos maiores males da história da humanidade. O Laboratório de Doenças Emergentes (LDE/LPC) foi uma dos primeiros laboratórios públicos habilitados pelo Instituto Adolfo Lutz (IAL) a realizar RT-PCR para detecção de SARS-CoV-2, com credenciamento no dia 01 de abril de 2020 (anexo 1) e neste mesmo dia liberou seu primeiro laudo diagnóstico. Foi necessária a união de conhecimentos para a implantação de um diagnóstico, naquele momento, pouco conhecido mundialmente. O esforço pioneiro do LPC, que de forma ágil e precisa, no início da pandemia, organizou uma estrutura robusta para a produção de testes diagnósticos RT-PCR, foi de extrema importância. O credenciamento junto à REDE de diagnósticos facilitou a parceria com o Instituto Butantan, ocasionando um aumento da capacidade de testagem do hospital. Foram atendidos pelo LDE pacientes sintomáticos e assintomáticos do Complexo da área da Saúde da UNICAMP (HC, CAISM, CECOM, Hemocentro e Gastrocentro), Centro de Oncologia Infantil Boldrini e Hospital Estadual Sumaré. Depois de 26 meses de alto desempenho em qualidade e capacidade de atendimento em tempo oportuno, 95 mil amostras foram processadas pelo LDE/LPC, o que corresponde a, aproximadamente, 10% da população de Campinas. O estabelecimento das parcerias envolvidas no projeto, principalmente com o Instituto Butantan, resultou em uma economia de quase 10 milhões de reais para a UNICAMP. Resultados: Com o presente projeto, foi possível substituir os exames laboratoriais terceirizados por exames de detecção de SARS-CoV-2 realizados no Laboratório de Doenças Emergentes (LDE) com aumento da capacidade de testagem do hospital. Foram realizados um total 95 mil exames moleculares pelo LDE (anexo 2 - gráficos 1 e 2), com picos de testagem durante os meses Julho/2020, Março e Junho/2021 e Janeiro/2022, com 5.976, 5.160, 5.126 e 5.218 testes, respectivamente. Os pacientes testados foram classificados em sintomáticos e assintomáticos e de acordo com o local de onde o exame era solicitado (vide item abrangência). Deste modo, foram testados 7.996 mil pacientes sintomáticos do HC (COVID e COVTR), 2.634 mil pacientes sintomáticos do CAISM (COVCA), 49.428 mil pacientes assintomáticos do HC e CAISM (COVIG, COVTX E COVAC), 13.897 mil testagens de profissionais de saúde assintomáticos (COVIP), 17.784 mil pacientes sintomáticos do CECOM (COVCE) e 3.337 mil pacientes sintomáticos externos do Hospital Estadual Sumaré e Centro Infantil Boldrini (EXCOV) (anexo 2 - gráficos 2 e 3). Antes da criação do LDE os exames eram realizados pelo IAL, que tinha um tempo médio para liberação de resultados de 24 dias (anexo 2 - quadro 1), sendo este um prazo excessivo e que não amparava as decisões médicas. Como observado nos gráficos 4 e 5, houve uma redução no tempo de espera pelo resultado diagnóstico após a criação do LDE. Conforme o gráfico 4 (anexo 2), podemos observar que de maio de 2020 a maio 2022, 95% de nossas amostras foram liberadas dentro de um prazo de até 48h, e em agosto de 2021 conseguimos nosso melhor resultado com 95% dos exames sendo liberados em até 25h. Na análise total dos dados (anexo 2 - gráfico 5), aproximadamente 75% de todas as nossas amostras processadas foram liberadas em até 24 horas. E cumprindo nossa meta de tempo de liberação estabelecida em até 48 horas, 99,25 % do total de exames foram liberados neste tempo, meta essa que também foi cumprida mês a mês (anexo 2 - gráfico 6). Portanto, foi possível agilizar o diagnóstico dos pacientes com consequente auxílio no manejo clínico e tomada de ações de monitoramento e isolamento, permitindo assim a diminuição da transmissão e o planejamento para o retorno às atividades presenciais da comunidade acadêmica. A agilidade na liberação de laudos também minimizou muito a ocorrência de surtos entre os trabalhadores da saúde do HC e do Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti - CAISM que atuam na linha de frente, isolando os casos positivos, com consequente diminuição da transmissão. Através de algumas das parcerias firmadas, esse projeto conseguiu o empréstimo de equipamentos e insumos utilizados para a implantação e manutenção do laboratório LDE. O quadro 2 mostra os valores financeiros economizados pelo HC durante esse período, ou seja, o custo total das notas fiscais referente aos insumos recebidos do Butantan para a execução de todos esses exames. Essas notas não contemplam os equipamentos que foram emprestados ao LDE, citados acima. Sem essa parceria seria quase impossível a realização desse montante de exames no intervalo de tempo entre Abril de 2020 e Maio de 2022. Com um total de 95.081 amostras (7,40 % positivas), foi organizado um biorrepositório, servindo como apoio a projetos de pesquisa da comunidade acadêmica que necessitem amostras para COVID-19.


Palavras-Chave: Medicina; Saúde; COVID; Exames


Notas: Vencedor 1º colocado Dimensão: O projeto atendeu de forma progressiva as expectativas, acompanhando de forma escalonada o crescimento da pandemia e suprindo de forma adequada e imediata a necessidade de testagens. O tempo de liberação do resultado do exame quando enviado para o IAL era, em média, 24 dias (Anexo 2 - quadro 1), portanto seu atendimento não era satisfatório para a crescente demanda do Hospital de Clínicas. Devido ao avanço da pandemia e o número limitado de leitos, o LDE foi implantado com a meta de liberação dos resultados em até 48 horas, tempo considerado adequado pelo Núcleo de Vigilância Epidemiológica do HC. De acordo com os gráficos 4, 5 e 6 (anexo 2) essa meta foi superada e isso foi fundamental para a gestão dos leitos e vigilância epidemiológica dos pacientes no hospital. O projeto também atende necessidades futuras, uma vez que o exame passou a fazer parte do menu dos exames disponíveis no LPC. Houve uma diminuição do número de testes RT-PCR solicitados, devido em grande parte à diminuição da taxa de transmissão por causa da cobertura vacinal nacional, porém, a circulação do vírus continua e a OMS ainda não decretou o fim da pandemia, mesmo que neste momento ela não seja mais considerada uma emergência sanitária em nosso país. Além disso, os resultados liberados pelo LDE durante toda pandemia colaboram com publicações de artigos científicos, estudos clínicos e epidemiológicos (como os boletins liberados pelo NVE/CCIH) de alguns docentes da Universidade, contribuindo para o melhor entendimento da pandemia. O desenvolvimento deste projeto contribuiu, também, para a capacitação e requalificação de diversos funcionários do LPC para a realização de exames de Biologia Molecular. Os funcionários estão preparados para agir imediatamente caso haja demanda futura de nova emergência sanitária, doenças sazonais raras ou oportunistas, epidemia ou, no pior cenário, pandemia. Atualmente estamos em processo de validação da técnica para diagnóstico do vírus “Monkeypox”, utilizando a mesma estrutura. Abrangência: A realização da testagem RT-PCR para COVID-19 inclui as seguintes unidades/áreas/centros da Universidade beneficiárias: HC (Ambulatórios, Enfermarias, UER, UTIs, Unidades de procedimentos especializados, Unidades de cirurgias gerais, Unidades de cirurgias ambulatoriais e serviços de diagnósticos), CAISM, CECOM, SESMT, Hemocentro e Gastrocentro. Além disso, foi possível realizar testagem para os parceiros externos: Centro de Oncologia Infantil Boldrini e Hospital Estadual Sumaré. A realização desta testagem efetuada pelo presente projeto totalizou, até o momento, aproximadamente 95 mil amostras processadas (gráficos 1, 2 e 3), incluindo os seguintes grupos de pessoas: a) Pacientes sintomáticos e suspeitos de COVID-19 (HC, CAISM, COVTR e EXTERNO); b) Pacientes assintomáticos, porém internados, para vigilância epidemiológica interna do hospital (COVIG); b) Pacientes internados que tiveram contato próximo com casos suspeitos ou confirmados de COVID-19 (contactantes) (COVIG); c) Pacientes no pré-operatório (COVIG e COVTX); d) Pacientes imunossuprimidos (COVIG); e) Profissionais de saúde, demais profissionais em atividades presencial, docentes e alunos, sintomáticos e assintomáticos, seguindo as orientações para afastamento laboral e critérios para retorno ao trabalho ou atividades acadêmicas (CECOM e COVIP); f) Voluntários do PROFISCOV, estudo que testou a vacina Coronavac, Butantan (COVAC); g) Acompanhantes dos pacientes internados no HC e CAISM (COVIG). Replicabilidade: As atividades de replicabilidade deste projeto vão para além dos resultados dos exames de COVID-19 que são usufruídos por diversos locais da Universidade. Todo o conhecimento adquirido com a concepção e implementação de um laboratório para suprir uma demanda nova e urgente, as técnicas para a padronização e validação de um novo método diagnóstico, o estabelecimento de parcerias, o modelo de eficácia financeira e experiência adquiridas pelos colaboradores participantes através da elaboração de novos processos e treinamento de pessoal, são de grande potencial de replicabilidade para outros setores da universidade onde surja a mesma demanda. O Laboratório de Diagnóstico Molecular de Alto Desempenho (LDMAD), que faz parte da Força Tarefa contra a COVID-19 da UNICAMP, replica o mesmo modelo que o nosso de realização do exame e foi utilizado como laboratório de apoio pelo Instituto Adolfo Lutz (IAL) durante o pico da pandemia de COVID-19 no país. Deste modo houveram, de forma conjunta e concomitante, dois centros diagnósticos dentro da UNICAMP, ambos se apoiando e se complementando, para que pudéssemos integrar a REDE de diagnósticos do Estado de São Paulo e estabelecer a parceria com o Butantan, permitindo assim que o LDE/LPC implantasse dentro do HC-UNICAMP o diagnóstico molecular contra a COVID-19 e trouxesse agilidade ao diagnóstico, aumento na capacidade de testagem e custo reduzido ao HC para a sua manutenção durante os momentos mais críticos e essenciais da pandemia. Eficácia: Como já relatado, os casos suspeitos para COVID-19 do HC e comunidade interna eram encaminhados ao IAL e ficavam em uma fila de espera; quando o resultado era liberado, muitas vezes nem fazia mais sentido na conduta médica. Em março de 2020, o TAT do IAL era em média 24 dias para a liberação do laudo (anexo2-Quadro 1). Um dos principais objetivos do projeto foi agilizar a realização do exame e liberação dos laudos, o que foi alcançado através do empenho de todos os envolvidos. Aproximadamente 75% dos laudos foram liberados em menos de 24 horas da coleta da amostra (anexo2-gráficos 5 e 6) e com percentil 95% de até 48 horas durante todos os meses do projeto e pico de eficácia em agosto de 2021 quando 95% das amostras foram liberadas em até 25h (anexo2-gráfico 4); mesmo nosso percentil mais alto (75h em abril de 2020) ainda foi bem mais ágil que o IAL, o que foi essencial para a vigilância epidemiológica e gestão dos pacientes, para minimizar o risco de contaminação de pacientes atendidos nos Prontos-Socorros, Enfermarias e Ambulatórios dos hospitais que atendemos (HC, CAISM, HES e Boldrini), além de profissionais de saúde, alunos e funcionários, e para a correta orientação e acompanhamento daqueles com sintomas gripais atendidos pelo CECOM. Com isso, impactamos positivamente o trabalho de toda a equipe clínica e, principalmente, os pacientes. A nossa meta era liberar os laudos em 48 horas após a coleta e conseguimos isso já a partir de maio de 2020. No total 99,25 % dos nossos laudos foram emitidos dentro desse período. A porcentagem restante deve-se ao fato do não funcionamento do laboratório 7 dias por semana, 24 horas por dia. Assim que realizávamos as análises, entrávamos em contato com o NVE (Núcleo de Vigilância Epidemiológica) do HC, para comunicar os resultados positivos, agilizando assim as tomadas de decisões. Da mesma forma no CAISM, todos os dias processávamos amostras de pacientes internadas, acompanhantes e recém-nascidos, e a rapidez na liberação de laudos possibilitou que as equipes médicas pudessem conduzir com eficiência os tratamentos e isolamentos necessários. Foi muito relevante para os Hospitais Boldrini e de Sumaré poderem contar com o diagnóstico de pacientes sintomáticos e acompanhantes. Os pacientes do Boldrini, referência para tratamento de câncer infantil, precisavam de um resultado rápido para iniciarem ou darem continuidade aos tratamentos de quimioterapia ou radioterapia; tivemos vários relatos da importância dessa parceria na rotina do hospital (anexo 4 - cartas). Não podemos deixar de mencionar a importância dos exames em casos de profissionais de saúde, contactantes, alunos e demais servidores da UNICAMP. A agilidade na liberação de laudos minimizou a ocorrência de surtos entre os setores de trabalho e enfermarias, inclusive durante os picos de positividade, como com a variante ômicron em janeiro e fevereiro de 2022 onde haviam muitos assintomáticos (anexo 2 - gráfico 7). Houveram momentos onde havia uma enorme quantidade de funcionários afastados, sendo importante que os exames fossem realizados rapidamente. A eficácia na liberação dos resultados foi essencial para o retorno antecipado ao trabalho dos profissionais de saúde, cuja infecção tenha sido excluída, com vistas à preservação da força de trabalho na assistência aos pacientes durante a pandemia. Dessa forma, podemos concluir que atingimos o objetivo e os profissionais e pacientes envolvidos ficaram extremamente satisfeitos com os resultados. Redução de custo: Desde o início do projeto, o objetivo era mitigar ao máximo os gastos, principalmente devido à dificuldade na aquisição dos insumos, que era o fator limitante para realização de testes para detecção do SARS-CoV-2, pois o mundo estava em busca dos insumos para a realização do teste. Encarando essa dificuldade e a UNICAMP possuindo diversos centros de pesquisa de excelência na área de Biologia Molecular, foi montada a Força Tarefa da UNICAMP contra a COVID-19, e o LDE/LPC entrou como parte integrante da equipe do diagnóstico molecular. Esse trabalho conjunto inicial possibilitou o empréstimo e até mesmo a doação para o LDE de alguns insumos. Destacamos neste ponto as parcerias com o LEVE- Laboratório de Estudos de Vírus Emergentes coordenado pelo Prof. Dr. José Luiz Proença Módena e o CQMED - Centro de Química Medicinal coordenado pelos professores Paulo Arruda e Katlin B. Massirer. Dessa forma, o projeto teve início sem custos adicionais. Sobre os equipamentos de RT-PCR, no início utilizamos dois equipamentos AB-7500 fast emprestados pelo Instituto de Biologia - IB, e outro, emprestado pelo Prof. Dr. Fernando Costa do Hemocentro. O empréstimo dos equipamentos evitou que fosse necessária a compra dos mesmos para a implantação do projeto. Neste cenário, houve uma economia de R$ 327.180,00. Em maio de 2020 foi estabelecida uma parceria com o Instituto Butantan. Esta parceria se deu através da nossa participação na Rede de Laboratórios gerenciada pelo Instituto e permitiu que recebêssemos, via empréstimo, um extrator semi-automatizado de RNA e também os kits comerciais GeneFinder Plus da empresa coreana OSANG Healthcare, utilizados para a reação de RT-PCR. Com a parceria com o Butantan, todos os insumos destinados ao diagnóstico de COVID-19 utilizados pelo laboratório foram fornecidos pela Rede regularmente, sem custo algum ao HC/UNICAMP. Para este recebimento ocorrer de maneira ininterrupta, os nossos resultados deveriam ser sempre liberados na plataforma GAL (Gerenciador de Ambiente Laboratorial). A nossa produção era acompanhada pelo Butantan por este sistema, portanto, quando solicitado nova entrega, eles consultavam a produção e enviavam o número de testes correspondentes ao período anterior. Portanto, a nossa agilidade na liberação dos resultados no sistema foi fundamental para a reposição dos insumos, evitando atrasos na entrega e risco de desabastecimento. Essa demanda de solicitações era regular e ininterrupta, portanto exigia que fizéssemos um bom gerenciamento dos nossos estoques. E toda solicitação era atendida prontamente, não havendo interrupção nos diagnósticos. Destaca-se também a eficácia financeira obtida com este projeto, minimizando dessa maneira os custos. Foi possível alinhar a crescente demanda dos exames realizados com a gestão estratégica das parcerias efetuadas, conseguindo empréstimos de equipamentos e doação de insumos e EPIs. Além disso, a equipe foi estabelecida por funcionários de diversos setores e voluntários que passaram por treinamento, resultando em economia nos recursos humanos. Podemos afirmar que tivemos a preocupação em atingir um resultado da maneira mais econômica possível, mantendo as operações otimizadas, procurando obter o máximo de resultados com o mínimo de recursos. A economia gerada pela parceria entre o Butantan e o LPC - HC/UNICAMP foi em torno de 10 milhões de reais, conforme quadro anexo (quadro 2) e permitiu a realização de 95 mil resultados diagnósticos em nosso complexo hospitalar. Redução de tempo: Como já mencionado anteriormente, em março de 2020, os exames de casos suspeitos de SARS-CoV-2 do HC-UNICAMP eram enviados ao Instituto Adolf Lutz, em São Paulo, para o diagnóstico, e demoravam em média 24 dias para a liberação do laudo (quadro 1). Mediante a necessidade da diminuição do tempo para liberação de exames de diagnóstico para COVID-19 e o aumento do número destes testes, a implantação do Laboratório de Doenças Emergentes para o diagnóstico de COVID-19 fez-se necessária. Com a implantação do LDE, 99,25 % das amostras recebidas tiveram o resultado liberado em, no máximo, 48 horas (gráficos 4 a 6), sendo 74,55% em menos de 24 horas (gráfico 5), colaborando muito com a tomada de decisões médicas. Essa agilidade na execução do diagnóstico deve-se, também, ao recebimento de um extrator de ácidos nucleicos semi-automatizado cedido pela empresa Loccus, parceira do Instituto Butantan. Com a extração semi-automatizada, foi possível realizar o diagnóstico de um maior número de amostras, em menor tempo e com a equipe reduzida. Pois neste momento, estávamos com diminuição do nosso RH. A automação do processo de extração de DNA/ RNA garante praticidade para a rotina, diminui as chances de erro de pipetagem e ainda otimiza os protocolos de extração. Em Junho de 2020, houve uma nova alteração do extrator e recebemos o Extracta 96. Este equipamento proporcionou melhor desempenho, versatilidade e praticidade. O Extrator e Purificador Extracta 96 permite processar até 96 amostras em cerca de 40 minutos, aumentando a nossa capacidade de processamento e diminuindo o tempo. Em fevereiro de 2021, tivemos uma atualização do sistema de extração, tornando-o mais ágil, conseguindo realizar a extração em 28 minutos o que, consequentemente, auxilia na diminuição do tempo para liberação dos resultados. Com o empréstimo do extrator de RNA devido à parceria com o Butantan, houve uma economia de R$293.440,00, valor do equipamento. Com a agilidade no processo e liberação de laudos, podemos listar inúmeros benefícios, como: liberação de corpos para velório em caso de óbito, realização de cirurgias de emergência que só poderiam ser realizadas após certeza do diagnóstico negativo para COVID, acomodação e isolamento de pacientes, liberação de leitos, liberação de tratamentos urgentes, como quimioterapia de pacientes do Hospital Boldrini e políticas de retomada às atividades presenciais da UNICAMP. Integração: Para a implantação do laboratório e padronização dos exames, a equipe era composta por 5 funcionários do LPC treinados e capacitados para a realização de diagnósticos em Biologia Molecular e docentes do LPC (Prof. Dr. Magnun Nueldo Nunes dos Santos e Profa. Dra. Angélica Zaninelli Schreiber) e IB, que faziam parte da Força-Tarefa UNICAMP contra a COVID-19 (em destaque Prof. Dr Alessandro dos Santos Farias, Prof. Dr. André Schwambach Vieira e Prof. Dr.José Luiz Proença Módena) auxiliaram durante essa capacitação e treinamento. O protocolo inicial para a realização do diagnóstico foi implementado com a participação dos docentes do IB. Após a etapa de implantação, outros funcionários do LPC foram realocados, pois o número de exames no laboratório todo havia diminuído e as amostras para diagnóstico de COVID-19 só aumentavam. Funcionários voluntários de outros centros (Faculdade de Medicina/FCM, IB e Hemocentro) também colaboraram com a realização do diagnóstico, pois os centros estavam fechados nesse período e a direção desses Institutos permitiu a realocação dos voluntários. No auge da pandemia em 2020, contávamos com uma equipe de 17 pessoas, entre funcionários do LPC e funcionários voluntários. Portanto, para o desenvolvimento do projeto houve a integração de funcionários dentro da Unidade HC e com outras Unidades mencionadas acima.


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Imprenta: Campinas, SP: Unicamp, 2022