Abraço virtual : comunicação e manutenção do vínculo família-paciente em tempos de pandemia da Covid 19 dentro da Unidade de terapia Intensiva

Capa:Abraço virtual : comunicação e manutenção do vínculo família-paciente em tempos de pandemia da Covid 19 dentro da Unidade de terapia Intensiva

Autor(es): Marcia de Sousa, Bruna Dias; Hospital de Clínicas


Resumo: Objetivo: Viabilizar a comunicação entre familiares e pacientes internados dentro da Unidade de Terapia Intensiva em isolamento pelo vírus da Covid 19 com o objetivo da manutenção do vínculo familiar e social. Descrição resumida: O projeto iniciou a partir de uma constatação do rompimento repentino da comunicação entre a família e o paciente que necessitou ser internado na UTI por suspeita ou já a confirmação da COVID-19. Além disso, os pacientes que estavam minimamente orientados no tempo e espaço e conseguiam se comunicar efetivamente com a equipe de profissionais de saúde da UTI, solicitavam a presença de seus entes e o mesmo acontecia com os parentes que procuravam o hospital para obter notícias e estabelecer algum contato com o sujeito internado. Com a nova rotina imposta pelo risco de contaminação pelo SARS-CoV-2, algumas medidas foram implementadas na UTI, tais como, a interrupção da visita familiar, a proibição do uso de celulares ou qualquer dispositivo eletrônico, isolamento do paciente suspeito ou confirmado de COVID-19 em leito individual e quarto fechado, além da mínima circulação da equipe de saúde no quarto. Desta forma, mediante essa necessidade de promover a manutenção do vínculo entre família e paciente, foi criado a estratégia “Abraço virtual” que consiste na comunicação através de cartas. Foi reservado um espaço no ambiente externo à UTI, onde a família poderia escrever ou trazer cartas de próprio punho e depositá-las em uma caixa. Estas cartas eram recolhidas diariamente pelos profissionais de saúde que atuam neste setor e a medida em que um destes funcionários entrava no leito para realizar algum procedimento, fazia a leitura da carta em voz alta ao paciente, estando ele acordado e orientado ou não, e após são depositadas junto aos seus pertences no quarto. Resultados: Para a elaboração das cartas, foi utilizada uma mesa e uma cadeira para conforto do familiar em um espaço privativo localizado na entrada da UTI. Foi disponibilizado dispensadores de álcool gel para uso antes de entrar e sair deste ambiente, folhas de papel, canetas e uma caixa personalizada para depósito das mensagens. Esses materiais foram adquiridos com recursos próprios das idealizadoras do projeto. Uma vez por dia, durante a passagem do boletim médico, estas cartas eram recolhidas pela equipe multiprofissional da UTI, conforme acolhimento dos familiares e encaminhadas para dentro da UTI. As cartas eram separadas conforme os respectivos pacientes e ficavam disponíveis para leitura na bancada externa ao quarto e o profissional que entrava no quarto para realizar algum procedimento, se assim desejasse, levava a carta para dentro do quarto e fazia a leitura em voz alta para o paciente, as cartas eram lidas mesmo quando o paciente estava sob efeito de sedação e intubados.


Palavras-Chave: Relações familiares


Notas: Dimensão: O recurso ainda é utilizado, porém de forma menos frequente, devido ao controle da pandemia e diminuição de internações de pacientes portadores do coronavírus em nossa instituição. Entretanto, ainda há uma restrição de visitantes e circulação de pessoas dentro do hospital e com frequência, os próprios familiares, trazem cartas de quem não pode se adentrar ao hospital, para lerem aos seus entes internados. Abrangência: A estimativa é que o projeto abrangeu mais de 250 familiares e pacientes que se beneficiaram dessa ferramenta de comunicação. Além disso, de imediato houve adesão de toda equipe multiprofissional de saúde que atuou na Unidade de Terapia Intensiva e se dispuseram a ler as cartas aos pacientes internados, incluindo enfermeiros, técnicos de enfermagem, médicos e fisioterapeutas com abrangência de pelo menos 100 profissionais. Replicabilidade: Devido ao período crítico de saúde instalado em nosso país durante a pandemia, o projeto foi divulgado em jornais locais e nacionais e diversas instituições de saúde entraram em contato para informar que implementaram a leitura de cartas aos pacientes isolados por Covid 19 estabelecendo uma ferramenta de comunicação. Inicialmente foi implantado na UTI onde haviam 10 leitos disponíveis, com a efetividade da ação, os 62 leitos de UTI passaram a utilizar a ferramenta de comunicação. Eficácia: Os familiares que escreveram as cartas, reportaram ser um mecanismo efetivo de comunicação, pois possibilitou que seu ente querido que se encontrava isolado, percebesse a presença de sua família ao seu lado durante toda etapa de recuperação, ouvindo mensagens de amor e esperança. Os pacientes que estavam conscientes e orientados demonstravam emoção e felicidade ao receberem notícias de seus familiares, esperavam ansiosamente pelas cartas durante o período de isolamento. Muitos pacientes sob efeitos de sedação e intubados, apresentaram durante a leitura das cartas, elevação da frequência cardíaca e respiratória, movimentos de aperto de mão no profissional de saúde, lágrimas que escorriam dos olhos. Redução de custo: Não houve custo à instituição. Redução de tempo: Não houve redução do tempo, porém ocorreu uma manutenção do vínculo paciente-família que estava interrompido devido ao isolamento pelo coronavírus. Integração: Esteve envolvido nesse projeto diretamente com a leitura das cartas, a equipe de enfermagem, médica e fisioterapia. A equipe de relações públicas do HC foi responsável pela divulgação e disseminação do projeto para que outros profissionais também utilizassem dessa ferramenta de comunicação durante o período crítico de disseminação do vírus que vivemos em nosso país.


Descrição Física: 1 recurso online (11 p.) il., digital, arquivo PDF


Imprenta: Campinas, SP: Unicamp, 2022