Autor(es): Isabella dos Santos Alves; Orientador: Maria Luíza Tanure Alves
Resumo: Resumo: As histórias de mulheres com deficiência ainda são invisíveis frente às experiências dos homens com deficiência e dentro do arcabouço das discussões do feminismo. No esporte paralímpico, essa invisibilidade é intensificada à medida que a mulher com deficiência possuí experiências mediadas pela intersecção da deficiência e gênero, entre outras que as oprimem simultaneamente em um ambiente de predomínio masculino e corponormativo. Dessa forma, este estudo teve como objetivo reconhecer e compreender as histórias orais de vida de mulheres com deficiência no esporte. Uma abordagem qualitativa com viés pós-estruturalista e emancipatório foi utilizado. As histórias orais de vida foram gravadas, transcritas, textualizadas e interpretadas a luz dos pressupostos dos Estudos Feministas da Deficiência. O exercício da lembrança e por conseguinte, a transmissão e análise da história oral de vida foi fundamental para a diversificação das trajetórias esportivas. Isto porque, as histórias não só foram discutidas individualmente, mas também, foram incorporadas em uma discussão coletiva em que pontos de encontro foram identificados no labirinto da mulher com deficiência até o esporte e no esporte. Primeiro, todas enfrentaram desafios no processo de descobrir-se como uma pessoa com deficiência, principalmente porque houve o predomínio do modelo médico no processo duradouro de descobrimento da lesão (impairment), questionamento da opressão social (disability) e de suas relações com outras categorias sociais. Segundo, ficou evidente no curso da vida das mulheres o processo de resistir, mas inserir-se no esporte que dentre as diversas experiências foi predominado por uma iniciação esportiva limitada e estigmatizada, principalmente porque a educação física escolar se mostrou como um contexto capacitista. Ainda assim, todas alcançaram a carreira esportiva de elite e, a partir daí, foram desafiadas no processo de transformar-se como mulheres paralímpicas. Na posição de paralímpicas, elas parecem transformar suas percepções sobre a deficiência, enquanto rescrevem uma nova história como mulheres no esporte. Embora elas tenham enfrentado uma hegemonia masculina e de estereótipos de masculinidade no esporte paralímpico de elite, os discursos revelaram uma mudança de concepção sobre seus lugares de fala no esporte, que nós traduzimos como um ensaio do modelo social a partir da perspectiva feminista da deficiência. Dessa forma, a deficiência se tornou parte de uma nova identidade, em transformação, e que deseja ser destacada em conjunto com outras categorias sociais para a sociedade Abstract: Stories of disabled women are still invisible in comparison to the experiences of disabled men and within the framework of feminist discussions. This invisibility is accentuated in Paralympic sports, where these women encounter a complex intersection of gender and disability, among other oppressive forces, in a predominantly male and able-body environment. This study aimed to shed light on and comprehend the life stories of these women in sports. Employing a qualitative approach with a post-structuralist and emancipatory agenda, the research delved into a narrative analysis. These accounts, recorded, transcribed, and interpreted through the lens of Feminist Disability Studies, were pivotal in diversifying their athletic journeys. Unveiling individual tales, these stories converged at pivotal junctures, revealing the labyrinthine paths of disabled women in and towards sports. Firstly, they all grappled with the challenge of self-discovery within the realms of disability, navigating the dominance of the medical model in the prolonged process of acknowledging impairment and challenging the disability within broader social contexts. Secondly, their lives showcased a persistent resistance to and immersion in sports, despite facing a sporting initiation rife with limitations and stigma — especially evident in the ableist landscape of school physical education. Yet, all managed to ascend to elite sporting careers, subsequently encountering the transformative journey of becoming Paralympic athletes. As Paralympians, they reshaped their perceptions of disability, scripting new narratives as women in sports. Despite confronting male hegemony and stereotypes of masculinity in elite Paralympic realms, a shift in their perception of their voices within sports was discerned — a manifestation we interpret as an exploration of the social model through the feminist lens of disability. Consequently, disability evolved into a dynamic facet of their evolving identities, aspiring to be recognized alongside other social categories within society
Palavras-Chave: Pessoas com deficiência; Educação física para deficientes; Esportes paraolímpicos; Interseccionalidade
Descrição: Créditos: narração de Clipchamp
Descrição Física: 1 recurso online (203 p.) digital, arquivo PDF, txt, áudio
Imprenta: Campinas, SP : LABACES, 2025
Nota versão original: Reprodução de: Campinas, SP : [s.n.], 2023
Acesso eletrônico:https://hdl.handle.net/20.500.12733/15927
Categoria: Tese
