Da política pública ao cotidiano das famílias: justiça restaurativa como moderadora no campo dos afetos

Autor(es): 1 - Jéssica Lima Alencar 2 - Raquel Fernandes Silva 3 - Maria Cristina Vianna Goulart 4 - Maria Janaína Rocha Nogueira 5 - Miriam Santana 6 - Ísis Franco de Carvalho
Resumo: O Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora é tipificado dentro do SUAS como um serviço da proteção social especial de alta complexidade que organiza o acolhimento de crianças e adolescentes, afastados do convívio familiar de origem por meio de medida judicial, nas residências de famílias da comunidade, que, para tal, se dispõem de forma voluntária. Uma vez captadas, estas famílias passam por um longo e rigoroso processo de preparação até se tornarem aptas ao exercício desta modalidade de acolhimento. Nos bastidores dos Serviços de Acolhimento em Família Acolhedora, psicólogos e assistentes sociais são encarregados de dar impulso à política pública, bem como desenvolver um olhar apurado para as alianças vinculares que se estabelecem no cotidiano das famílias. As atribuições vão desde o desenvolvimento de estratégias para captação e formação de novas famílias acolhedoras ao cuidado compartilhado das crianças/adolescentes durante o acolhimento; a criação de grupos e espaços de escuta e apoio às famílias acolhedoras, crianças/adolescentes e famílias de origem/extensa; além da cuidadosa e ativa participação nos encontros e visitas mediados entre as crianças/adolescentes e suas famílias de origem, sempre que este recurso se mostrar possível. A atuação em rede também se instala no centro das ações destes profissionais, cujo principal objetivo é fomentar a proteção das famílias de origem, convocando os serviços que operam as políticas setoriais e intersetoriais com vistas à restauração de vínculos familiares rompidos ou fragilizados. Esgotados os recursos, a integração da criança/adolescente em famílias por adoção passa a ser concebida e trabalhada pela equipe do SFA. Se faz necessário, para além da sensibilidade, um saber amplo, continuado e direcionado, que permita o atuar técnico em um campo que exige comunicação fluida e atenta às demandas de famílias em risco social e pessoal. Embora observado o caráter excepcional e provisório da medida, bem como a transitoriedade como tônica do atendimento, a convivência faz surgir profundos vínculos de afinidade e afetividade que, se bem trabalhados, tornam-se facilitadores na travessia da criança/adolescente acolhida para seu destino final
Palavras-Chave: Serviço de acolhimento familiar; Família acolhedora; Criança e adolescente; Assistência social; Política pública
Descrição Física: 4 p.: PDF
Imprenta: Campinas, SP, 2023