Trabalho técnico e vinculação afetiva: reflexões acerca da atuação da equipe técnica do SFA

Autor(es): 1 - Julia Salvagni 2 - Soraya Kátia Pereira
Resumo: O Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora (SFA), previsto no artigo 101, inciso VIII, é um serviço no qual famílias da sociedade civil são cadastradas, selecionadas, capacitadas, habilitadas e acompanhadas, por uma equipe psicossocial, para acolher, em suas casas, crianças em medida protetiva de afastamento familiar. Essas famílias são captadas e preparadas pela entidade executora do serviço, e cuidarão da criança acolhida até a sua liberação judicial para reintegração familiar, ou para família substituta (BRASIL, 1990; BRASIL, 2009). Dessa forma, é um diferencial desta modalidade de acolhimento e uma das premissas fundamentais de sua defesa o olhar um a um, e nesse sentido, há uma profusão de discussões a respeito da implementação deste serviço, de seus benefícios para o público atendido e acerca do processo de formação e acompanhamento das famílias acolhedoras. Todavia, há pouca discussão sobre a relação entre equipe técnica psicossocial e criança, família acolhedora e família de origem, em especial no que diz respeito ao vínculo afetivo entre a equipe e os sujeitos com os quais se relaciona no cotidiano do trabalho. O Guia de Acolhimento Familiar, em seu caderno 6, pontua acerca da importância de ir além do paradigma da neutralidade para poder compreender a importância da implicação afetiva da equipe nas ações desenvolvidas. E que é a partir desse investimento e de um cuidado relacional, que se proporciona o fortalecimento da equipe psicossocial, enfrentando um dos principais desafios da política de acolhimento que é a rotatividade de profissionais. Que, por sua vez, é extremamente prejudicial à qualidade técnica do trabalho desenvolvido. O SFA possibilita o investimento nesse olhar singularizado com todos que o compõe, o que é ímpar considerando que o acolhimento constitui uma situação de ruptura, na qual a partir de uma circunstância avaliada como de risco, o sujeito será separado do universo de relações que conhece e a partir dali terá novos atores em seu cotidiano. Logo, para lidar com esse contexto, é ímpar que o ambiente que irá acolher esse indivíduo seja suportivo e afetivo, bem como os profissionais que serão responsáveis pelo acompanhamento do caso.
Palavras-Chave: Acolhimento familiar; Criança e adolescente; Serviço social; Política pública
Descrição Física: 3 p. : PDF
Imprenta: Campinas, SP, 2023